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A Fábula do Rato e a Pulga |
- Senhor rato, estamos caminhando há dias nestas gélidas ruas e percebemos que tu tens onde morar. O que tens comido ultimamente nesse intenso frio?
O rato, um tanto desconfiado, respondeu-lhe:
- Ora, senhor e senhora pulga, de fato, tenho onde morar. Essas casas velhas me permitem sobreviver ao frio. Apesar da escassez de alimentos, sobram-me alguns grãos perdidos pelas casas e panos esfarrapados para roer no fim do dia.
As pulgas entreolharam-se e logo indagaram novamente ao pobre rato:
- O senhor, por acaso, estaria interessado em comer um pouco mais? Eu poderia lhe sugerir uma proposta?
O rato, curioso, acenou com a cabeça e aceitou ouvir a sugestão do casal de pulgas.
- O que proponho - disse a pulga - é a construção de uma moradia temporária em seu aquecido pelo. E, em troca, farei com que sobre mais grãos para ti e aos demais de sua espécie: todos os grãos pertencerão ao ratos, e não somente ao homens!
O rato logo aceitou a ideia e deixou que as pulgas parasitassem em seu aquecido pelo.
Após algum tempo, o rato percebeu que as pessoas ao seu redor estavam ficando debilitadas. Acamadas, muitas não conseguiam sequer respirar devido às fortes dores no corpo. Mais tarde, assistiu, também, à morte de milhares de pessoas. Era uma terrível pandemia que assolava aquela velha cidade, tornando a vida ainda mais sofrida e miserável.
O rato, cabisbaixo, ponderou com as pulgas:
Decerto, hoje, consigo encontrar mais comida ante a existência de poucos moradores humanos vivos, aqui, na cidade. Mas o que me deixa com a pulga atrás da orelha é a estratégia mortífera arquitetada por ti, para acabar com a raça humana. Por que fizestes algo tão funesto?
As pulgas (agora multiplicadas aos montes por toda a cidade) revelaram ao rato a principal estratégia adotada:
- Meu querido rato, tu me concedestes teu lombo para minha moradia, o que lhe agradeço em nome da perpetuação de minha espécie neste mundo. O seu sangue faz parte desse processo de mudança. Somos todos responsáveis por esta evolução, concordando ou não. Eis a nossa história.
Jullius Oliver
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